Darwin na Bahia: encanto e ciência

*Texto e pesquisa histórica de Andreia Santana

“Ele havia chegado lá. Estava na América do Sul. Após 63 dias no mar, encontrava-se em meio às árvores de uma exuberante floresta tropical. Olhando a sua volta, Darwin sentiu-se inundar de prazer”.

(Anna Sproule, in Charles Darwin, Coleção Personagens que mudaram o mundo – os grandes cientistas; 1990; editora Globo, Rio de Janeiro – RJ)

darwin-32A exuberante floresta a que a escritora Anna Sproule se refere era a mata atlântica que dominava a encosta onde foi construída Salvador, capital da Bahia. Aos 22 anos, a bordo do navio de exploração científica Beagle, Charles Darwin, o futuro criador da teoria da evolução das espécies, era só um jovem biólogo assistente, arrebatado pela beleza tropical, curioso para descobrir aquela cidade exótica, com suas carroças, cadeirinhas de arruar (uma espécie de liteira fechada onde as mulheres eram carregadas por escravos), comerciantes, negros de ganho e onde gente vinda das mais variadas partes do mundo desembarcava. As anotações que Darwin fez no seu diário de bordo, entre os anos de 1831 e 1836, a bordo do Beagle, serviram de base para o desenvolvimento da teoria da evolução. O navio percorreu toda a costa americana, parou duas vezes para abastecimento no litoral da Bahia e do Rio de Janeiro. O destino eram as Ilhas Galápagos, onde o cientista Darwin observou as diversas espécies animais e suas adaptações para sobreviver em ambientes hostis.

charles-darwin_blog2Por quê lembrar de Charles Darwin? Conversa de Menina abre espaço para falar de um menino ilustre, porque na próxima quinta-feira, dia 12, comemora-se o bicentenário de nascimento de um dos pesquisadores e pensadores mais importantes e influentes da história da humanidade. As observações de Darwin servem até hoje de base para muitas pesquisas no ramo da biologia. Seus estudos causaram polêmica, porque contrariavam a visão determinista da Igreja. Depois dele, Adão e Eva nunca mais foram os mesmos. Além disso, numa época sem tecnologia, ele fez o que muitos de nós gostaríamos de ter feito: botou a mochila nas costas e deu a volta ao mundo, de navio.

Nascido em Shrewsbury, Inglaterra, com menos de vinte anos, Darwin já havia cursado duas das mais importantes universidades européias na sua época: Edimburgo (Escócia) e Cambridge (Inglaterra). Em 1831, após concluir o curso de história natural, foi convidado a integrar a expedição do Beagle. Entre 1831 e 1836, deu a volta ao mundo, recolheu material, observou, tomou notas, catalogou.

darwin-21

De volta à Londres, em 1837, começou os estudos sobre a evolução das espécies, enquanto preparava a publicação dos seus diários de viagem, onde além das observações científicas, há muito das suas impressões sobre os costumes de diversos povos nas Américas, Oceania e Ilhas do Pacífico. Nesse diário ele fala da Bahia, confessa que ficou extasiado e que nunca tinha visto tantas variações da mesma cor, o verde, cada uma mais magnífica que a outra. A teoria da evolução pela seleção natural começou a virar livro em 1856 e saiu do prelo três anos depois. Darwin morreu em 19 de abril de 1882, contando 73 anos muito bem vividos.

A ROTA DO BEAGLE

a-rota-do-beagle

O navio Beagle, que não era maior que uma carruagem, parte da Inglaterra no final de 1831. Desce pela costa oriental da América do Sul (veja mapa acima) e faz paradas em Salvador, Rio de Janeiro, Montevidéu e região da Terra do Fogo, onde Darwin descobre os fósseis gigantes em Punta Alta (Argentina). Em 1834, o navio entra no Pacífico, sobe a costa oriental da América do Sul e chega ao arquipélago de Galápagos. Na volta para casa, passa pela Nova Zelândia, Austrália, Oceano Índico e Cabo da Boa Esperança, contornando a costa africana.

PARA SABER MAIS SOBRE CHARLES DARWIN:

>>Veja infografia animada no portal A TARDE On Line

>>Na Wikipedia, tem um verbete completo sobre Darwin

PARA LER:

Darvin: Do telhado das Américas, à teoria da evolução
Autor: Nelio Bizzo
Editora: Odisseus

A origem das espécies
Autor: Charles Darwin
Editora: Martin Claret

beagleAventuras e Descobertas de Darwin a Bordo do Beagle 1832-1836
Autor: Richard Keynes
Editora: Zahar

*Andreia Santana, 37 anos, jornalista, natural de Salvador e aspirante a escritora. Fundou o blog Conversa de Menina em dezembro de 2008, junto com Alane Virgínia, e deixou o projeto em 20/09/2011, para dedicar-se aos projetos pessoais em literatura.

Esse post foi publicado em Ciência, Personalidades e marcado , , , , , , . Guardar link permanente.

8 respostas para Darwin na Bahia: encanto e ciência

  1. Quem conhece a bíblia (palavra de Deus) não necessita de outras informações acêrca do início de tudo. Deus é o autor da vida, Senhor do Universo.

  2. Glaucio Fernando de França disse:

    Sou cristão e acredito que Deus foi a causa primeira que deu origem a todas as coisas, mas não vejo que a teoria de Darwin, acerca da evolução das espécies, ponha em cheque a existência do criador e, por isso, entendo que ela é plausível, sem negar a minha fé no Deus Criador.

    Glaucio Fernando de França

  3. andreiasantana disse:

    É exatamente isso Glaucio, a fé conforta e guia as pessoas. A ciência é outro ramo e sua intenção não é negar a fé, as duas podem existir tranquilamente.

  4. raiannas2 disse:

    [red]Eu achei muito bom ate q to fazerdo um trabalho disso* dele + n sei cmo cOMERSA[/red]

  5. Marcello Carino disse:

    Eu fico boquiaberto como no século XXI onde já se somam toneladas de evidências acerca da evolução, idade do planeta etc…

    Muitas pessoas ainda preferem usar uma venda em seus olhos e acreditar que alguém criou tudo isso!
    Mas curiosamente essas pessoas que dizem possuir uma fé inabalável procuram a ciência quando estão doentes!
    Ah sim, a mesma ciência que desmascara o mito de um criador.

    Todos os grandes avanços feitos pela ciência e que hoje nós ultilizamos, foram feitos por pessoas que não aceitaram um dogma proposto, que discordaram da “verdade divina”.

    Fé é apenas uma modalidade de auto-engano, e contradizendo um comentário acima, a ciência nega a fé.

    Bem, finalizando…

    “As religiões são como vagalumes, só brilham na escuridão.”

  6. Andreia Santana disse:

    Oi Marcelo,

    Acredito que ciência e fé são coisas tão diferentes que não tem como ser opostas. Uma não precisa negar ou aceitar a outra para existir. A fé é questão de crença, de acreditar numa força maior, ou num Deus ou num mito. Ou se tem fé ou não se tem fé. Simples assim. Quem tem acredita sem questionar. É por isso que se sustenta por dogmas, por ser inquestionável para os seus seguidores.

    Já a Ciência é baseada em fatos, em comprovação, em pesquisa, em evidências, em testes, experimentos e observação. A história é uma ciência, a antropologia, a biologia, a matemática, a física…

    A fé é fechada em si mesma e para os crentes, só precisa disso. Enquanto a ciência é aberta, experimental, em eterna evolução.

    Na minha visão as duas não se opoem porque nem sequer se equivalem.

    Obrigada por nos visitar e por comentar o post. Participe sempre que desejar, vamos adorar!

  7. Raquel disse:

    em minha mera opiniao a ciencia e apenas um complemento da biblia.pois a biblia ela e uma verdade comprovada pelos cristaos de todo o mundo.mas a ciencia nos ajuda a descobrirmos varios assuntos acerca da evoluçao do mundo

  8. felipe disse:

    eu acredito no darvin sim eu creio que darvin tava certo.

Os comentários estão encerrados.